Síndrome do Pôr do Sol

  • 07/04/2022

A pessoa idosa atingida pela demência senil ou por doença de alzheimer é cada vez mais suscetível a sofrer do síndrome do pôr-do-sol e a intensidade dos episódios depende do seu grau de comprometimento cognitivo. Quando o sol se põe,  sintomas como o desespero podem surgir. 

Sabe-se hoje que as pessoas atingidas, podem sofrer dos sintomas como ansiedade, desespero, agitação, irritabilidade e pessimismo. De notar que o seu impacto tem lugar normalmente entre as 16h30 e as 23h00, à medida em que a luz do sol desaparece, as alterações comportamentais produzem-se e são mais ou menos graves consoante o estado cognitivo do paciente.

Certas pessoas apresentam vários sintomas, outras apenas um. Os cuidadores podem ser surpreendidos com gritos, estados de nervosismo exacerbado, choro, impaciência, frustração, sentimento de medo ou de perigo. Certas pessoas repetem a mesma frase, escondem-se, agem violentamente, tem alucinações, escondem objetos ou andam errantes.

Alguns cientistas atribuem a causa à alteração nos ciclos de sono e de vigília do ritmo circadiano. Este é influenciado pela mudança do dia para a noite, variação de luz ao longo do dia e do ano, temperatura ambiente, marés, …. Trata-se do nosso relógio biológico que regula o nosso funcionamento, como a variação de temperatura corporal, pressão arterial, secreção hormonal, sono, frequência cardíaca, etc...

 O ritmo circadiano pode ser um gatilho biológico potencial, mais precisamente a inadequação aos ciclos relativamente a luz e a obscuridade. Esta inadequação pode provoca mudanças físicas mentais e comportamentais. 

Assim o Idoso submetido a pouca luz ou demasiada luz pode conduzir ao medo ou perplexidade, especialmente em particular nas pessoas que tem problemas de visão, ou ainda o elevado cansaço do fim do dia, e ainda uma mobilidade reduzida falta de conhecimento de alterações do seu meio ambiente. Outros fatores como necessidades físicas não satisfeitas como fome, sede ou questões de higiene ou desequilíbrios hormonais podem ter um impacto muito grande.


As recomendações a seguir:  O que pode fazer o cuidador?

1) Seguir o cronograma das atividades diárias.

Uma pessoa com a doença de Alzheimer - ou com outra forma de demência - pode ter reações comportamentais em lugares desconhecidos ou perante pessoas estranhas. Manter uma rotina nas atividades de vida diária evita o stress e diminui as alterações de comportamento. Não se devem fazer alterações nas rotinas diárias, mas se isso não for possível, o cuidador deve mudar as coisas gradualmente. As rotinas aumentam a sensação de segurança. Defina horários para acordar, comer e deitar. Agende eventuais compromissos, passeios, visitas e a hora do banho para o início do dia.

2)    Ajustar o horário e a forma das refeições.

Devem ser evitadas refeições pesadas, bebidas alcoólicas e bebidas com cafeína ao final da tarde e início da noite. A principal refeição da noite deve ser servida o mais cedo possível, e só com a noite mais adiantada é que pode ser propiciado um lanche aligeirado.

3)    Possibilidade de administrar um medicamento.

A Consulta médica deve ocorrer e desta forma poderá administrar a medicação prescrita para a pessoa doente.     Alguns médicos recomendam um suplemento natural como a melatonina (hormona do sono) para estimular o sono. O cuidador nunca deve dar a um familiar com demência um fármaco ou um suplemento sem antes consultar o médico.

4)    Estimular a atividade.

Mantenha o familiar ativo durante o dia - com caminhadas ou trabalhos de jardinagem - para melhorar a qualidade do sono à noite, e reduzir os sintomas da síndrome do pôr do sol.

5)    Procurar detetar os fatores causais.

Não há duas pessoas exatamente iguais, e o que provoca alterações de comportamento a uma pessoa com Alzheimer pode não incomodar outra na mesma circunstância. Procure identificar os fatores que contribuem para a agitação, a confusão e outros sintomas da síndrome. Procure padrões nas alterações de comportamento e tente descobrir pistas sobre situações causadoras. Escreva num caderno as atividades ou rotinas e esteja especialmente atento ao que acontece antes do período do pôr do sol. Registe os possíveis fatores causais e partilhe essa informação com os outros cuidadores da família.

6)    Diminuir fatores de stress.

Ao final do dia, evite que o seu familiar realize tarefas que excedam a sua capacidade. Pretende-se evitar sentimentos de frustração que possam amplificar os sintomas da síndrome. Tenha em mente que mesmo tarefas como ler ou ver televisão, podem ser muito difíceis para uma pessoa com demência em fase avançada. Opte por ouvir música ambiente, calma ou mesmo privilegie o silencioso quando possível. Reduza o ruído ambiente, desligue a TV, diminua o volume da música e não tenha visitas. 

Evite também nessa altura do dia atividades cansativas ou que provoquem alguma perturbação como por exemplo tomar banho.  

Caso existam mais familiares em casa coloque as crianças numa divisão e peça às pessoas para se manterem calmas. Evite fazer tarefas que provoquem ruído como por exemplo aspirar o chão.

7)   Usar luzes fluorescentes de espectro total.

Um estudo recente descobriu que a terapia com luz pode diminuir a agitação em pessoas com demência. A Healthline recomenda a utilização de iluminação fluorescente de espectro total e a Alzheimer’s Association sugere a utilização de iluminação quando uma pessoa com Alzheimer se sente agitada ou confusa. Diminua ao mínimo a existência de sombras e transmita segurança. À medida que a luz do dia desaparece a existência de sombras podem provocar medo e ansiedade. Para aumentar a sensação de segurança, feche as cortinas e evite sombras ou cantos escuros.

8)   Certificar que as necessidades básicas estão satisfeitas.

Verifique se a temperatura ambiente é confortável e se as necessidades básicas como a hidratação, a alimentação, e a higiene estão asseguradas antes da hora em que geralmente os sintomas começam. O cansaço ao final do dia, a existência de dor ou de desconforto, a higiene por fazer, a necessidade de ir à casa de banho, a sensação de fome ou de sede, o frio, o calor e a insónia são fatores de alteração comportamental.

9)   Ter consciência do seu nível de stress.

Tenha consciência do seu nível de stress. Ao final do dia o cuidador pode estar frustrado e exausto e o seu familiar pode pressentir isso. A pessoa com demência é muitas vezes sensível à linguagem corporal e ao tom de voz. Para o cuidador reduzir o seu próprio stress deve fazer pequenas pausas durante o dia, receber ajuda regular e utilizar técnicas de relaxamento.


Fontes:

https://dailycaring.com/7-ways-to-reduce-dementia-sundowning-symptoms/

https://www.alzheimers.net/how-seasonal-sundowning-can-affect-alzheimers/

https://www.healthline.com/health/dementia-sundowning

Alzheimer's Association

Cruz Roja de España

https://amelioretasante.com/syndrome-du-coucher-du-soleil-chez-le-sujet-age-comment-le-traiter/


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